domingo, 21 de fevereiro de 2010

DESENCANTO


Eu faço versos como quem chora

De desalento... de desencanto...

Fecha o meu livro, se por agora

Não tens motivo nenhum de pranto.


Meu verso é sangue. Volúpia ardente...

Tristeza esparsa...remorso vão...

Dói-me nas veias. Amargo e quente.

Cai, gota a gota, do coração.


E nestes versos de angústia rouca

Assim dos lábios a vida corre,

Dexando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre.


Teresópolis, 1912,



o grande, Manuel Bandeira.

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